O Congresso Nacional promoveu hoje (18) uma sessão solene em comemoração ao Dia do Médico. Durante a homenagem, profissionais da área defenderam a necessidade de uma política pública voltada para a carreira da medicina pública no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo eles, a medida reduziria as desigualdades na distribuição desses profissionais no país.

“Precisamos interiorizar o acesso aos serviços de saúde por meio de investimentos em infraestrutura e pessoal. Homenagear os médicos é defender o SUS e o acesso universal à Saúde”, disse o primeiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Donizetti Dimer Giamberardino Filho.

Dados do estudo Demografia Médica no Brasil 2020, mostram que o país tem, proporcionalmente, mais do que o dobro de médicos que tinha no início do século, passando de 230 mil 110 médicos, em 2000, para 502 mil 475 profissionais.

Apesar disso, ainda persistem desigualdades na distribuição de médicos nas diferentes regiões do país. Segundo o levantamento, feito com a colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP), a proporção de médicos é maior em estados das regiões Sudeste e Sul e em cidades mais ricas a proporção é muito maior.

Enquanto o país tem razão média de 2,27 médicos por mil habitantes, a região Norte tem taxa de 1,30, ou seja, 43% menor que a razão média nacional. Na região Nordeste, a taxa é de 1,69. Já na região Sudeste, que agrupa mais da metade dos médicos do país (53,2%), a taxa é de 31,5 médicos por mil habitantes.

Nas capitais brasileiras, essa média fica em 5,65 médicos por grupo de mil habitantes, sendo que as maiores concentrações foram registradas em Vitória (13,71), Florianópolis (10,68) e Porto Alegre (9,94). As menores taxas do país são de capitais da região Norte: Macapá tem razão de 1,77 e Rio Branco, 1,99.

Para o Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes , esse quadro mostra a necessidade de se ter uma política de Estado para auxiliar na distribuição e fixação dos médicos no país.

“É indiscutível que nós tenhamos que ter uma política estatal de fixação do médico. Não adianta reclamar de que o médico tenha que ir para regiões ribeirinhas distantes sem que ele tenha condição”, disse.

Durante a audiência, parlamentares também destacaram o papel que os profissionais de saúde tiveram no combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19). O senador Wellington Fagundes (PL-MT) lembrou que, mesmo sem a infraestrutura adequada, os médicos brasileiros dedicaram a vida ao tratamento dos pacientes.

“Mesmo sem as ferramenta necessárias, eles ocuparam a linha de frente nessa luta e trouxeram acima de tudo conforto às pessoas. Muitos, infelizmente, foram alcançados pelo vírus e não conseguiram sobreviver. A cada um dos que se foram presto aqui minhas homenagens”, explicou.

O deputado Dr. Zacharias Calil (DEM-GO) destacou os médicos que morreram em razão da covid-19 e disse que a pandemia relembrou o quão fundamentais são os recursos humanos e a existência de médicos e outros profissionais de saúde em momentos de incerteza. O deputado disse que os profissionais tiveram um “trabalho hercúleo e abnegado” no combate ao novo coronavírus.

“Em meio a essa guerra ingrata contra um inimigo invisível, milhares de colegas tombaram. A dedicação daqueles que sacrificaram suas vidas no cumprimento de sua missão não será esquecida. As milhões de vidas que eles salvaram serão um monumento vivo e perene”, afirmou.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta também participou da sessão solene e disse que a medicina passa por uma crise provocada pelo novo coronavírus. “Uma doença comportamental, de sociedade. Um vírus que não ataca o indivíduo, mas ataca todo o sistema. Ataca a economia, a cultura, a educação”, disse. “Ele fez no mundo inteiro e aqui no Brasil milhares de vitimas de pessoas”, acrescentou.

No Brasil, o Dia do Médico é celebrado no dia 18 de outubro, data associada pela Igreja Católica a São Lucas, que era médico e por isso foi declarado o padroeiro da profissão.

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