Enquanto as vendas de carros novos caem pelo segundo mês consecutivo neste ano, o setor de seminovos cresce e celebra alta de 15,9%, se comparado a fevereiro de 2020

A pandemia do novo Coronavírus trouxe muitas mudanças e desafios para o setor automotivo neste último ano. A falta global de insumos para a produção de carro zero em decorrência das paralisações causadas pela pandemia, seguidas por uma explosão dos pedidos por parte de diferentes segmentos da indústria tem afetado diretamente este mercado.

Atualmente, o segmento de veículos novos compete com os fabricantes de videogames para a compra de chips e com a construção civil para adquirir aço. Na comparação com fevereiro de 2020 houve queda de 16,7% nas vendas de carro zero. Já em relação a janeiro, a retração foi de 2,2%, segundo dados prévios com base no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

Para Flávio Maia, diretor de marketing da Assovemg (Associação dos Revendedores de Veículos Seminovos de Minas Gerais), o principal ponto a considerar no balanço de mercado de fevereiro é a procura maior pelos automóveis seminovos, enquanto, para os carros novos, a tendência é de forte queda. “O carro usado subiu e o zero despencou. Está faltando produtos, as fábricas estão sendo obrigadas a darem férias coletivas”.

De acordo com os números divulgados pela Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), as negociações de modelos seminovos tiveram um crescimento de 2,3% em fevereiro em comparação com janeiro. Já com relação a fevereiro do ano passado, a alta é de 15,9%. “Sem carros novos para pronta entrega e com os preços altos, muitos consumidores migraram para o setor de usados”, comentou o diretor de marketing.

Expectativa de alta dos seminovos

Com as novas medidas de contenção do coronavírus e determinações de lockdown em inúmeras cidades do país e também em Minas Gerais, o reflexo aparece na maior procura pelos carros usados e seminovos, que seguem em alta, frente à decaída dos veículos zero quilômetro. “Com a escassez dos carros novos, a perspectiva é que o preço aumente e, ainda que esse aumento não seja substancial, compradores podem ter que esperar mais para obter o veículo desejado”, alertou Maia.

De acordo ainda com Flávio, a produção global de veículos não deve retornar ao seu nível de 2019 antes de 2022. “Em relação aos semicondutores, o lapso da oferta deve ser amenizado a partir de, no mínimo, o segundo trimestre. Ainda assim, levará ainda um tempo para o setor se recuperar dos problemas gerados pela pandemia”, afirma.

Fonte: Flávio Maia, é empresário, diretor de marketing da Associação de Revendedores de Veículos em Minas Gerais (ASSOVEMG) e fundador da AutoMAIA Veículos, em Belo Horizonte (@assovemg).

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