Brocojó, pão típico do Santuário do Caraça – Foto: Márcio Mol.
O pão, produzido há mais de 200 anos na padaria do local, conquista os turistas não só pelo sabor, mas por toda a bagagem cultural e gastronômica que traz da região do Caraça
Muito mais que um lugar para descansar e aproveitar as belezas da natureza, o Santuário do Caraça oferece muito mais que as matas exuberantes, águas refrescantes e religiosidade. As maravilhas gastronômicas do local são uma atração à parte para o turista, que tem a oportunidade de saborear e conhecer a história de diversos pratos. Uma das iguarias que mais chama a atenção é o Brocojó, pão produzido na cozinha do Caraça e que virou marca registrada, não só pelo sabor, mas também por sua herança cultural e gastronômica que carrega.
O Brocojó é uma receita que mistura farinha, muitos ovos e alguns segredos. De acordo com o gerente geral do Santuário do Caraça, Márcio Mol, o pão é uma adaptação do brioche francês, ajustada aos temperos e ingredientes da região. “O sabor incomparável, a casca crocante e o aspecto rústico são características marcantes deste pão. A iguaria atravessou gerações seguindo o mesmo modo de fazer de antigamente. Apesar de sua história vir do passado, o gostinho da tradição está sempre presente na padaria do Santuário”, destaca o gerente.
Segundo os registros, a riqueza gastronômica do Caraça se fez presente há mais de 200 anos. Por isso, para aproveitar os cereais mais comuns da região, a farinha virou uns dos principais ingredientes da cozinha do Santuário. O item compôs receitas que resultavam em pães, bolos e biscoitos para alimentação dos padres, seminaristas e alunos. Com o fim do colégio, esse conhecimento quase se desfez. Mas, estas delícias foram resgatadas em 2015, por meio do projeto “Primórdios da Culinária Mineira”, do Santuário do Caraça, em parceria com Senac MG, que tem o objetivo de resgatar e dar novos usos a hábitos, técnicas e produtos alimentares dos primeiros habitantes de Minas Gerais, com foco no desenvolvimento regional.
De acordo com Márcio Mol, em dias de festa no Colégio do Caraça, o Brocojó era assado com uma fava de feijão dentro, e então, usado para fazer um sorteio entre os oito alunos que dividiam cada “quadrado” da mesa coletiva. O aluno que saía com a fava se tornava o “rei do quadrado” e ganhava algumas vantagens com isso, como poder ser o primeiro a servir a refeição e até se sentar à mesa dos padres e professores.
Além do Brocojó, o Santuário do Caraça também oferece aos seus visitantes outras receitas tradicionais e originais da casa, como o Pudim de Gabinete, Pão de Ora-pro-nobis, além dos doces diversos, queijos e fermentados, incluindo o histórico Hidromel.
Outros atrativos do Santuário do Caraça
Visitas ilustres
A tradição de aguardar a visita do lobo todos os dias à noite começou no Caraça em maio de 1982, quando algumas lixeiras começaram a aparecer derrubadas e reviradas. Num primeiro momento pensou-se que isto poderia ser causado por cachorros. Começou-se a observar e se descobriu que o grande cachorro que revirava as lixeiras do Santuário era na verdade o Chrysocyon brachyurus, que quer dizer “animal dourado de cauda curta”. É chamado Guará porque em tupi-guarani, na língua dos indígenas, guará significa “vermelho”. Desde então, começaram a colocar bandejas de carne nos dois portões da frente da casa e aos poucos os lobos se aproximaram da escada da igreja. Hoje, a bandeja é colocada no adro da igreja, onde têm ido comer, além do lobo-guará, cachorros-do-mato e uma anta.
A prática de alimentar esses animais ali na Casa só persiste até os dias atuais porque o seu hábito de caça não foi comprometido. Por este motivo o lobo-guará não tem hora de aparecer. O tempo de espera da aparição do animal é conhecido como “hora do lobo”, a partir das 18h30. Enquanto o lobo não vem, o Caraça proporciona aos hóspedes um tempo de informação e educação ambiental.Além do famoso lobo-guará, uma anta eventualmente também surpreende os hóspedes do local. Além deles, o visitante pode ainda cruzar com outras 76 espécies de mamíferos que habitam no Santuário do Caraça.
Fonte de conhecimento
O complexo é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual. Foi escolhido como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real. Conta com um amplo Conjunto Arquitetônico onde estão a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil, o prédio do antigo Colégio (hoje Museu e Biblioteca), o hotel com 57 apartamentos e quartos, com capacidade para até 230 pessoas, e a Fazenda do Engenho, com 26 apartamentos.
O local possui enorme diversidade de fauna e flora, com raridades de animais e plantas no meio ambiente. Na ampla diversidade de sua fauna, há 386 espécies de aves, 42 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Santuário do Caraça faz parte de duas importantes reservas ecológicas, as Reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço Sul e a da Mata Atlântica, onde há diversas espécies de flora e fauna, algumas encontradas somente no Complexo do Santuário do Caraça, que fica na transição entre Mata Atlântica e Cerrado, onde também há campos rupestres. Em suas serras há nascentes, ribeirões e lagos que possuem águas de coloração escura, que carreiam material orgânico em suspensão.
Seu solo é rico em minérios, explorados nos séculos anteriores, e com grande concentração de quartzito ou rocha metamórfica. Desde 2011, passou a ser preservado contra exploração comercial. O clima tem baixas temperaturas e elevada umidade do ar, comuns em ambientes de mata.
O território do Complexo do Caraça integra a Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de BH, onde começam duas grandes bacias hidrográficas, a do rio São Francisco e a do rio Doce, que abastecem aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.
Biblioteca
A Biblioteca hoje está instalada no prédio onde funcionava o célebre Colégio, que hoje abriga também o Museu, o Arquivo e um Centro de Convenções.
Museu
O museu, montado a partir de mobiliário e artefatos diversos de uso diário, pertencentes ao próprio Caraça e com algumas peças remanescentes de séculos passados, constitui um interessante lugar de visitação, diariamente procurado pelos hóspedes e visitantes, através de percursos guiados pelos monitores, com taxa de R$ 5 por pessoa.
Igreja Neogótica
O Santuário do Caraça é a primeira igreja neogótica do Brasil, construída sem mão-de-obra escrava e toda com material regional: pedra-sabão (retirada de perto da Cascatona), mármore (das proximidades de Mariana e Itabirito, Gandarela) e quartzito (da região do Caraça e vizinhanças), unidas com produtos de base de cal, pó de pedra e óleo.
Santuário do Caraça
Local: Estrada do Caraça, Km 9 – Entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara – CEP 35960-000
Fácil acesso pelas rodovias BR 381 e MG 436, além do cômodo acesso por trem (Estação Dois Irmãos – Barão de Cocais)
Instagram: @santuariodocaraca
Facebook: https://www.facebook.com/complexosantuariocaraca/
Reservas: centraldereservas@santuariodocaraca.com.br
Taxa entrada:
R$ 20 (em dias de semana)
Finais de semana, feriados e datas comemorativas: R$30 (por pessoa)
Idosos: 50% de desconto
Moradores de Barão de Cocais, Catas Altas e Santa Bárbara:
R$10 por pessoa (qualquer dia)
Entrada gratuita na 1ª quarta-feira de cada mês (mediante agendamento)
Site com opções de hospedagens, mais informações e agendamentos: https://www.santuariodocaraca.com.br