Profissionais da cadeia de eventos de todo o país estiveram reunidos na capital federal, nos dias 26 e 27 de novembro, para a quarta edição do Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos; debates sobre o ECAD, a meia-entrada e o reconhecimento da profissão de produtor de eventos foram os destaques a pauta do encontro, que marca o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e do Entretenimento

Uma data histórica para o setor de eventos no Brasil. Assim pode ser definido 27 de novembro de 2019, dia em que foi lançada a Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e do Entretenimento. A solenidade, realizada durante o IV Congresso dos Promotores de Eventos, em Brasília, reuniu produtores de eventos de todo o país e quase 30 autoridades políticas.

As atividades do segundo dia do Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos foram iniciadas com a presença de importantes nomes da política e turismo do país, como, o Ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, Senador Rodrigo Pacheco, Presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares, Presidente da Embratur, Gilson Machado, o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e do Entretenimento, deputado federal Felipe Carreras (PSB) e outras importantes figuras políticas atuantes em Brasília.

De acordo com o deputado federal Felipe Carreras (PSB), a Frente foi lançada com o objetivo de criar uma maior representatividade dentro do Congresso Nacional para os profissionais que atuam na cadeia de eventos. “É na Câmara de deputados que grandes temas do Brasil são discutidos e leis são elaboradas. Eu acho que com essa frente a gente aproxima a casa do povo brasileiro a esse importante setor para e economia do país que é o setor de entretenimento. É um passo importante. Pretendemos pautar desafios históricos e fazer com que nós venhamos a ter conquistas através de leis que venham proteger e incentivar o setor, para gerar mais empregos e mais renda. Que possamos fazer mais eventos e levar mais alegrias para o povo brasileiro”, explicou o parlamentar.

Duas demandas foram apontadas como prioritárias pelo deputado para serem tratadas pela Frente Parlamentar. A primeira é sobre o reconhecimento da profissão de produtor de eventos e a segunda sobre o tão polêmico e questionado método de cobrança do ECAD, que devem entrar em pauta em breve no Congresso Nacional.

O presidente da ABRAPE, Carlos Alberto Xaulim, comemora esta aproximação do setor de eventos com o parlamento brasileiro. “Este é o movimento político mais importante na história das relações entre os produtores, artistas, integrantes da cadeia produtiva da indústria criativa e o Parlamento Brasileiro na construção de um modelo mais justo e harmonioso para todos. Temos que avançar e corrigir rumos em muitas questões. Essa é a hora de mostramos toda a nossa força, e a maioria desse aperfeiçoamento precisa passar pelo Parlamento. A ABRAPE está sendo a catalisadora e impulsionadora desse movimento. O deputado federal Felipe Carreras foi essencial, para essa materialização”, disse Carlos Alberto Xaulim.

Reconhecimento

A ABRAPE busca também, por meio da criação da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e do Entretenimento, o reconhecimento da profissão de produtor de eventos. O presidente da entidade, Carlos Alberto Xaulim, explica que o principal objetivo com este reconhecimento é criar legalidade. “Nós não podemos transacionar com o poder público. Temos legitimidade, mas não temos legalidade. O corretor de imóveis pode vender, o jornalista pode negociar serviços para o estado e nós não. Somos tidos como atravessadores. Somos uma categoria que é muito importante para o país economicamente, com a geração de empregos, principalmente os temporários. Não tem uma categoria que gere tantos empregos temporários como a nossa, e sem o reconhecimento da nossa profissão, ficamos limitados em várias questões”, explicou Carlos Alberto Xaulim.

ECAD

De acordo com o presidente da ABRAPE, a entidade tenta há muito tempo estabelecer um diálogo com o ECAD, mas tem avançado pouco. Os produtores de evento estão usando como recurso para pressionar o escritório de arrecadação o depósito em juízo. “Isso demonstra boa-fé. Quero pagar, sei que tenho que pagar, mas discordo do valor. O ECAD não é nosso sócio, mas atua como tal. Quem pleiteia 10% da renda bruta de um evento é sócio sem correr nenhum risco. Por isso, consultei a maioria dos associados e chegamos à seguinte proposta: que o ECAD considere todos os associados da ABRAPE e eventos de calendário como usuários permanentes, o que, a princípio, já reduziria a cobrança para 5%. Mas vamos além, concordamos em pagar até 3% da receita, já retido na ticketeira. Já temos um encontro marcado com representantes do ECAD e vamos continuar lutando por um pacto justo, harmonioso e duradouro”, explicou Carlos Alberto Xaulim.

Meia-entrada

Outro tema importante muito debatido durante o congresso foi a meia-entrada. Segundo o presidente Carlos Alberto Xaulim, a ABRAPE considera o setor como única atividade econômica do Brasil que sofre com o confisco de 50% da sua receita bruta pela obrigatoriedade da concessão do privilégio de conceder descontos a estudantes, idosos, portadores, de necessidades especiais, jovens de baixa renda, doadores de sangue e professores sem contrapartida ou benefício. “Se o Estado entende que parte da sociedade deve ter privilégios, ele que arque com custos dessa iniciativa. Não pode imputar ao privado esse dever. A meia-entrada é um absurdo jurídico. Trata ao mesmo tempo pessoas iguais de maneira desigual e pessoas desiguais de maneira igual. Na prática, ela não traz benefício a ninguém, afirmou.

Painéis e palestras

Em seguida, o diretor comercial do Mineirão, Samuel Lloyd, falou aos congressistas sobre o benefício econômico dos eventos nas cidades e os desafios enfrentados pelos profissionais do setor. Na sequência, a mudança do mercado de comunicação foi abordada durante a palestra ‘Como a transformação digital afeta o seu negócio’, com Daniela Sousa, fundadora da AD Digital. compartilhou sua visão sobre mercado e tendências de futuro para a indústria de mídia e entretenimento, com foco na transformação digital.

No painel festivais e grandes eventos, foram compartilhados cases de sucessos apresentando a filosofia, conceito, construção e todas as fases da produção e operação de importantes eventos realizados no Brasil. Gui Marconi, da Diverti, falou sobre o Coala, festival que acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo, e tem como propósito ser um catalisador da renovação da música popular brasileira. Teve sua 6ª edição em 2019 reunindo 26 mil pessoas em dois dias e já é considerado um evento fundamental no calendário do país.

Na sequência, Wilson Kontoyanis, CEO da R2 Produções, apresentou o case do Na Praia, evento consagrado em Brasília, considerado o maior do mundo em Lixo Zero, que recria uma praia em plena Orla do Lago Paranoá. Fechando, Jove Nogueira, responsável pelo Funeral da Porca, evento 100% open bar, que acontece em Itaúna, interior de Minas Gerais, e atrai a atenção de todo o Brasil, pela estrutura, conceito, qualidade, inovações e sensações que a cada ano surpreendem o público.

O compromisso com a qualidade e excelência na entrega dos eventos foi a abordagem principal na palestra de Clínio Bastos, um dos produtores responsáveis pelos camarotes do carnaval de Salvador. Para agregar ainda mais conteúdo ao painel, Pietro Toscano, promotor de grandes produções nacionais e internacionais, falou sobre suas experiências, com destaque à turnê comemorativa Nossa História, de Sandy e Júnior, em que planejou o projeto com os sócios Rogerio Takata e Daner Assis.

Além dos temas técnicos, o IV Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos apresentou aos participantes uma dose de motivação. Leonardo Farah, capitão do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, que atuou em grandes operações, como, os desastres de Mariana, Brumadinho e Moçambique, proferiu a palestra ‘Além da Lama, como encontrar soluções diante de situações críticas’. O painel abordou a experiência de um bombeiro com o intuito de demonstrar maneiras de se encarar situações difíceis, lidar com o imprevisível, coordenar pessoas com diversos sentimentos e encontrar o melhor final para cada história.

Encerrando o congresso, foi realizado o painel Parlamento ABRAPE, que foi palco para discussões muito importantes para o mercado de eventos e teve como âncora o advogado Daniel Morais. ‘O impacto das leis trabalhistas nos eventos’ foi apresentado pelo juiz Rodrigo Dias, que explanou sobre questões específicas enfrentadas no cotidiano dos produtores de eventos.