Por: Mariana Peixoto – Vice-Presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia
Segundo o Ministério da Saúde as doenças reumáticas, que atingem principalmente as articulações, afetam mais de 12 milhões de brasileiros. Engana-se quem pensa que essas enfermidades causam prejuízos apenas às articulações. Além das possíveis sequelas que podem ser desencadeadas, principalmente, nos rins, na pele e no coração, já está comprovado que os portadores de doenças reumáticas autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide, síndrome de Sjögren e espondilite anquilosante, são mais suscetíveis a doenças infecciosas.
A maior prevalência de doenças infecciosas nesses pacientes, quando comparados com a população em geral, deve-se a deficiência imune da própria doença e, também, pelo uso de terapia imunossupressora.
Sabemos que as doenças autoimunes são caracterizadas por um desequilíbrio no sistema imunológico, resultado da produção de anticorpos que, em vez de proteger, passam a atacar o próprio organismo. Os medicamentos imunossupressores são utilizados, portanto, para bloquear o sistema de defesa, amenizando os sintomas da doença ou inibindo o seu aparecimento. Como consequência, os mecanismos de defesa dos pacientes que utilizam esses medicamentos ficam comprometidos, com menor resistência às infecções.
Por isso, é fundamental que os portadores de lúpus, artrite reumatoide, síndrome de Sjögren e espondilite anquilosante, entre outras doenças, estejam em dia com as vacinas. A vacinação é uma das formas mais eficazes de prevenção de doenças infecciosas e, consequentemente, como medida para a redução da mortalidade desses pacientes.
As infecções respiratórias são comuns nas pessoas diagnosticadas com doenças reumáticas autoimunes, principalmente nos meses mais frios do ano. Por esse motivo, recomenda-se a imunização contra o vírus da gripe e da pneumonia. Ambas as vacinas estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, também devem tomar as vacinas contra hepatite e, antes de iniciar o tratamento com imunossupressores, contra febre amarela e herpes-zóster.
É crucial que além de apontar quais vacinas precisam ser aplicadas, o reumatologista tenha a responsabilidade de perguntar sobre a imunização do seu paciente, orientando e criando, conjuntamente, um calendário de vacinação. Cada caso exige uma conduta, mas, geralmente, espera-se que a enfermidade esteja estabilizada para ser imunizado.
Atualmente, mais de 100 doenças autoimunes já foram catalogadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas enfermidades podem ser específicas de um órgão ou sistêmicas, quando a autoimunidade provoca danos em vários órgãos ou tecidos. Nesse segundo grupo estão inseridas as doenças reumáticas citadas anteriormente. De modo geral, as mulheres são o principal grupo acometido por essas enfermidades. No caso do Lúpus, por exemplo, 90% dos casos são mulheres. A estimativa é que uma em cada 1.700 brasileiras tenha a enfermidade.
Devido a vulnerabilidade do sistema de defesa das pessoas diagnosticadas com doenças reumáticas autoimunes, a prevenção por meio da vacina, especialmente das doenças infecciosas, torna-se fundamental para garantir a longevidade desses pacientes. Por isso, é crucial que todos sejam conscientizados sobre a importância de manter em dia o calendário vacinal e que todas as pessoas que sofrem com doenças reumáticas autoimunes tenham acesso ao tratamento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Estamos a disposição.
Muito obrigada e abraços!
Ana Carolina de Freitas
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Foto sugestão: Associação Brasileira Superando Lupus